quarta-feira, 25 de abril de 2012

EGOÍSMO E MESQUINHARIA: UMA REALIDADE DA SOCIEDADE DE ARARUNA



Araruna é um município de quase 20 mil habitantes, apresenta uma rica história desde sua fundação aos tempos atuais, presenteada pela natureza, por suas belas formas suntuosas no relevo, clima ameno, e uma gente hospitaleira e agradável, normalmente é assim que a cidade é retratada, mas até que ponto esta afirmativa seria verdadeira?

Se pensarmos no contexto histórico/social/econômico da região Nordeste e do estado da Paraíba, sobretudo nas pequenas cidades interioranas, observamos que na realidade esta paz e este sentimento de querer bem ao lugar e as pessoas em geral não é verdadeiro. O que existe mesmo é um egoísmo exacerbado, que corrói e macula a integridade das pessoas em geral.

Exemplo gritante do que me refiro observei no dia 25/04/2012, durante uma manifestação da população ararunense contra os péssimos serviços prestados pela CAGEPA (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba), a causa era justa: a falta de água. Realmente ela assola nosso município e os vizinhos, porém lamento que não foi o espírito de melhorias para a comunidade como um todo que estava em jogo, e sim os jogos de interesses, onde o “EU” vale mais do que o “todo mundo”.

Não generalizando obviamente o sentimento da população de Araruna no clamor por água, mas é necessário admitirmos que em nossa cidade NÂO EXISTE o sentimento de solidariedade com o próximo, a maioria das pessoas que estavam na manifestação sentiam na pele os problemas da falta de água e da injustiça em ter que pagar as contas por algo que não se recebe com qualidade, porém o “EU particular” de cada um estava ali, e não o “Eu coletivo”, não o “Eu Araruna”, o porquê disso? Ora, as pessoas estão preocupadas demais com seus próprios problemas para poder pensar no bem comum.


O egoísmo e a mesquinharia por parte de segmentos da sociedade ararunense é tão forte, que certamente podemos afirmar que os problemas que engendram nosso município, vêm justamente desse “Eu particular” que sangra continuamente as chances de uma cidade melhor, com mais dignidade, onde o “eu quero”, o “eu posso”, está acima da Araruna melhor para todos. Não sou leviano ao afirmar também, que grande parte dos que lerem essa modesta manifestação, contribuem para com tudo isso, quando em diversos momentos do desenrolar social acabamos por pensar em nós e não em algo maior.


Seria isso tudo culpa dos políticos de Araruna? Da situação? Da oposição? SIM, certamente de todos eles, porém participação grande da culpa também é nossa. Acontece que o povo dito hospitaleiro, agradável e de paz de Araruna, em sua esmagadora maioria, quando pode fazer sua parte e dar sua contribuição por um lugar melhor para todos fazem diferente. Nas campanhas políticas, nos dividimos como bichos, por cores, números e famílias, não seriamos todos nós de Araruna?

Vendemos nossas consciências durante o direito do voto (não generalizando claro), não pensamos no bem da cidade, no que de fato poderíamos fazer e cobrar para a cidade melhorar, o egoísmo a hipocrisia é tão grande e feroz em Araruna, que da mesma forma que nos dividimos nos bichos, nas cores, nos números e nas famílias, nos juntamos com os que antes éramos ferrenhos adversários e agora passamos a ter novas posturas, quem era bom agora se torna ruim, quem é ruim agora se torna bom. Será que a mudança de opinião veio pelo sentimento de querer bem a sua cidade pensando no bem de todos? Não, infelizmente essa mudança vem por que novamente o “Eu particular” falou mais alto, e a mudança vem por barganha política e interesses pessoais.



Muitos se aproveitam de situações para se engrandecerem, como foi o que ocorreu no ato de manifestação da água, pelo bem de todos. O que mais me enoja em nossa sociedade, além dos atos dos que só pensam apenas em si mesmos, é a omissão daqueles que se calam. Estes que se calam são muitas vezes universitários, professores, enfermeiros, comerciantes, vereadores, um contexto grande de pessoas, que ao se calarem permitem que as coisas continuem seguindo de forma atrasada e acanhada, e o progresso demore e demore muito a ter notícias de Araruna, certamente estes que se calam, muitas vezes fazem parte destes que, assim como a maioria egoísta, não pensa no bem comum.

É nesta hora que a nossa consciência dói (não de todos claro), e percebemos que nós mesmos  atrasamos nossa cidade, e que ao pensarmos apenas no “Eu” e no “Meu”, deixamos caminho livre para os abutres que não tem consciência para amargar pisarem por cima do sofrimento de muitos, e que pelos muitos é também cultivado.Araruna tem um povo forte, sofredor e trabalhador, e estas dificuldades vêm da omissão dos políticos (TODOS ELES) que prestam favores aos corruptos eleitores que se vendem, e por aqueles que podem fazer diferente, mas já estão corrompidos também neste sistema que valoriza apenas a cultura do “Eu”. 

Esta é a realidade da sociedade de Araruna, mas não só dela, e sim uma realidade comum a todas as cidades atrasadas nos pensamentos e nas ações. Acordemos e mudemos nossas posições, para não acabarmos fazendo irônicas manifestações, onde até no justo nos tornamos injustos, além de escravos do nosso próprio orgulho e do nosso egoísmo, coloquemos o sentimento de querer bem a nossa família, nossos amigos, a nossos vizinhos e a nosso lugar em primeiro plano, que o cidadão "Eu integro" aparecerá. Só assim, teremos uma Araruna de paz verdadeira, justa para TODOS.  


Wellington Rafael

8 comentários:

  1. Excelente palavras! Quem é de fora ao chegar nesta "cidade hospitaleira" nota tudo isso. É podre... Uma determinada sociedade podre que vive de benefícios do dinheiro público e que querem que sigam sua lógica. Sacrifício de todos para o usufruto de poucos! Araruna merece um choque de realidade em todas as esferas!!!Parabéns pela matéria!

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  2. Caro amigo,perfeita sua percepção sinto-me lisonjeada ao ler algo culto,reflexivo e uma matéria de verdade,precisamos de mais vozes ao questionar temas tão importantes.

    Um grande abraço ,da amiga de opinião de hoje e sempre

    Virgiane

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    1. Meu caro Professor Wellignton Rafael, parabéns pelo texto! Você foi muito feliz em suas palavras e espessou o que muitos queriam dizer,isso prova que tens coragem e senso crítico apurado do que ocorre em nossa cidade (muitos têm, mas parece temer algo em expressá-lo). Você é sábio e os sábios não se deixam alienar. Não me surpreendeu sua colocação, pois sei de sua capacidade em escrever, pois o fazes de forma brilhante o que pensas em prol dessa cidade que amas e queres ver vivendo dias melhores. MAIS UMA VEZ RECEBA MEUS PARABÉNS!!!

      JAIRO LIMA
      (Poeta e ativista cultural ararunense)

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  3. Concordo plenamente com você, caro e nobre RPGista vivente em meu coração! Só tenho um ponto a acrescentar, que admito, pensei que iria tratar dele no último parágrafo da excelente explanação, que é que não é só em Araruna ou nas cidades interioranas que vemos este quadro, mas sim em todo o nosso grandioso Brasil.
    Ao tratarmos de um tema tão sagaz e perturbador, por que não? Diria que ainda há pessoas nesse lindo país que discordam de você. Ainda há pessoas que dizem "isso é assim mesmo e nunca vai mudar!" "Foi em cima dessa roubalheira que o país foi construído e não vai mudar!" Ainda há pessoas, meu grande amigo, que ficam caladas ante a enorme destruição , vou ser apelativo, do caráter humano. Sim, queridos leitores deste humilde amigo de grandes homens da sociedade Ararunense, como o amigo Wellington Rafael, que também responde, entre os íntimos, sobre a alcunha de Freder, O Branco e o nosso querido historiador Marcio Macêdo, há aqueles que mesmo com tanta mesquinharia, corrupção, deslealdade, ficam em suas poltronas fétidas e nada fazem para uma melhora em nossa tão digna e sofredora população.

    Um abraço forte!
    E que a FORÇA esteja conosco!

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  6. Ao ler esse desabafo de Wellington, pensei em quantas vezes ja o fiz. Dessa vez, concordo plenamente sem tirar nada a respeito do texto:"EGOÍSMO E MESQUINHARIA: UMA REALIDADE DA SOCIEDADE DE ARARUNA".Irei mais adiante e dou provas disso: em Araruna é cobra engolindo cobras, fofocas desmedidas, as ações são autodirigidas, o servir é auto-serviço,o amor é amor próprio. Creio que varias mentalidades de nossa cidade não passam de mentes escravas, esses se acham bons para outros, escravos da propria mente, pois mentem a si mesmos. Aliás, o egoísmo é presença marcante em Araruna, talvez uma boa parcela de nossa cidade tenha lido/estudado com esmero Friedrich Nietzsche em 'A Vontade de Poder', deixarei um trecho deste: "Não pode haver acções que não sejam egoístas. Palavras como «instinto altruísta» soam aos meus ouvidos como machadadas. Bem gostaria eu que alguém tentasse demonstrar a possibilidade de actos desses! O povo e quem se lhe assemelha é que acredita que eles existem. Também há quem creia que o amor maternal e o amor carnal são sentimentos altruístas!
    É um erro histórico supor que os povos sempre equipararam o sentido de egoísmo e de altruísmo ao de bem e de mal. Bem mais antiga é a concepção de lícito e ilícito, respectivamente como bem e mal, em conformidade com o cumprimento ou falta de cumprimento dos costumes." Diante de tal explanação é facil afirmar que ele fala da revolução da consciencia, onde só é possível atingir individualmente o super-homem extraindo a parte excelente de cada um. Será que é esse egoísmo de certas pessoas de Araruna? Será que esse egoísmo é sem sentido e desmesurado? Termino observando que todo esse egoísmo e mesquinharia em Araruna se enquadra na frase: “Tudo para mim, nada para os outros”. Coitado destes ararunenses institivamente envergonhados. Como já falava Hipócrates: A vida é breve, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganosa, o julgamento difícil.

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  7. Excelente.
    Pelo que li, percebo que o amigo e eu, partilhamos das mesmas ideias.
    Parabéns!

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