sábado, 26 de novembro de 2011

A história do Santuário de N. Srª da Conceição, Araruna - PB

Santuário de N. S. da Conceição, Araruna - PB.
 Fonte: http://pastorais.paroquiadeararunapb.com/

Em virtude da comemoração ao dia de Nossa Senhora da Conceição, no  dia 08 de dezembro, manifesto em nosso trabalho o interesse de divulgar a rica história do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, edificada na cidade de Araruna - PB, templo religioso onde se encontram dos mais belos traçados arquitetônicos ao deposito de fé e devoção da brava gente paraibana,  sendo considerada  pelo Iphaep - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, uma obra de referência histórica "do mais alto valor para arquitetura religiosa da época".

A ausência das torres laterais, certamente conferem uma singularidade a esta matriz, além das reduzidas proporções de seu frontispício, que de certa forma, lhe dão um aspecto de edificação da arquitetura civil, e não exatamente a de um templo religioso, notadamente lembra muito edificações como palácios ou teatros, esta excentricidade rara, dá ao Santuário N. S. da Conceição mais motivos para cativar em seus observadores fontes de admiração,  é sem dúvida um cartão postal a ser memorizado, e sempre requisitado ao se lembrar  das "coisas de Araruna".

Igreja Matriz  com a presença dos contrafortes de sustentação em 1938.
Fonte: Acervo fotográfico de Humberto Fonsêca de Lucena

Certamente uma das paisagens típicas das cidades de interior, sobretudo as menores e mais singelas, é de uma igrejinha em fronte uma pracinha, no caso específico de Araruna, discordamos um pouco deste pensamento, situamos um belo exemplo da grandiosidade de uma edificação humana, a esplendorosa matriz desta cidade, que segundo a Arquidiocese da Paraíba, é o segundo maior templo religioso (católico) em nosso estado, perdendo em poucos centímetros para Matriz de Nossa Senhora das Neves em João Pessoa - PB, tendo sido palco de diversas manifestações, que marcaram desde 1876 data de inicio da construção da matriz, a história deste município e da região. 

A Matriz de N. S. da Conceição, encontra-se localizada no sítio histórico do município de Araruna - PB, na rua Semeão Leal, nº 122, ao lado da Praça João Pessoa, cerca de 250 metros da antiga Capela de Santo Antonio, sentido sul-norte, por toda sua imponência destaca-se no aglomerado urbano da cidade, e por sua centralidade se torna por muitas vezes ponto de referencia, sendo forte definidora de espaçamento geográfico e urbano.

Igreja Matriz em 1955.
Fonte: www.casadamemoriaararuna.com/

Como é de conhecimento de todos, o inicio da povoação  de Araruna, se deu após implantação de  uma fazenda de gado e edificação da antiga Capela de Santo Antonio, como pagamento de uma promessa realizada pelo Senhor Feliciano Soares do Nascimento a N. S. da Conceição, além da fixação de um cruzeiro de madeira diante a capela, desta forma se constituiu o primeiro arruado da povoação, iniciada em 1845, que aos poucos foi crescendo de forma lenta e espontânea, até que em 1876, ano de emancipação do município de Araruna , então distrito de Bananeiras - PB, foi construída a Nova Igreja Matriz.

A construção da Matriz iniciou em 1876, com o comando do Padre Rocha e de Frei Herculano, com ajuda da comunidade, conseguindo erguer esta magnifica obra da construção civil, porém sem que se cobrisse a edificação, ficando portanto inacabada. No ano de 1900, na virada do século, o Padre Joel Esdras Lins Fialho continuou a peleja desta construção, de onde contratou no brejo paraibano o mestre César (portas e esquadrias) e o mestre Garcia (altar-mór e alvenaria), que ficaram responsáveis pelo término da obra, que só viria se concretizar em 1907, com o Padre Francisco Targino no comando da Paróquia, concluindo a fachada e os acabamentos internos.

Demolição do altar-mór em 1954.
 Fonte: www.casadamemoriaararuna.com/
Interessante o fato que por mais grandiosa que seja a Matriz de Araruna, em tamanho e imponência aos tempos de hoje, quanto mais considerando a época de sua construção, existia por parte da população ararunense uma aversão pelas proximidades da mesma, nos rumos de construções de moradias próximos a ela, onde havia uma vontade maior de se permanecerem em expansão as áreas em proximidade a antiga Igrejinha de Santo Antonio, de onde estavam lá encontrados o comércio e demais serviços urbanos.

Contam os mais antigos que a Nova Matriz ficava isolada e apenas era ligada ao resto do aglomerado urbano através de picadas abertas na mata, e acendimento de tochas flamejantes, para deslocamento da população e posterior acesso as missas. Este isolamento ocorreu entre os anos de 1876 e 1908, e apenas encerrou com a construção do Mercado Público (atual Centro Cultural),  trazendo uma nova roupagem na economia do município, sendo divisor de águas de nossa história.


Igreja Matriz antes da reforma de 2000. Fonte: mais.uol.com/

Durante este período de existência a Matriz de Araruna, já passou por diversas modificações em antigas reformas, que embora realizadas com uma boa intencionalidade,  acabaram por descaracterizar de forma irreversível todo valor estético, arquitetônico e histórico original da obra, entre estas reformas encontramos  como uma das mais gritantes a realizada entre 1953 e 1955, sobre o comando do pároco Monsenhor Joaquim de Sousa Simões, onde foram removidos da igreja  o altar-mór e os contrafortes das laterais (os famosos "gigantes de sustentação"), que davam um aspecto único e original a matriz, além da demolição  dos pavimentos superiores das galerias laterais. Estas infelizes reformas embora bem intencionadas, acarretaram também a remoção do piso original todo em tijoleira e do púlpito da madeira de cedro.

A Matriz de Araruna encontrou-se em situação deplorável e digna de pena por muitas décadas, onde se viam  infinidades de problemas de ordem interna e externa deteriorarem a belíssima igreja, onde sua beleza estava encoberta pela corrosão do tempo, até que em um gesto louvável no ano de 2000, o governo do estado da Paraíba, através do então Governador José Targino Maranhão,  filho de Araruna, e conhecedor dos entraves da matriz, resolveu salvar a igreja da situação em que se encontrava, e através de força maior inseriu em processo de tombamento a Igreja Matriz de N. S. da Conceição, aos 03 de maio de 1999. 

Uma nova reforma com vistas ao tombamento foi necessária, e realizada pelo governo da Paraíba em 2000, tendo como parceiros o Iphaep e a Fundação Casa de José Américo,  medida melhor não poderia ter sido tomada, e desta forma foi salva da destruição a matriz de Araruna, que no ano de 2001, através do então Bispo da Diocese de Guarabira - PB, Dom Antonio Muniz, foi elevada a Santuário.

Gruta de N. S. da Conceição. Fonte: www.suzukysat.com/

Nesta reforma realizada em 2000, toda a estrutura física da matriz foi reavaliada e revitalizada, detalhes apagados ganharam vida, e por intermédio desta ação ainda hoje vislumbramos o Santuário de N. S. da Conceição bela, interna ou externamente, mas mesmo esta ação causou impactos, com a intenção de se criar uma sacristia, foi quebrado todo altar-mór mais uma vez, perdendo de vez mais uma porção da história do templo, em seu lugar foi colocado um novo  e imperioso altar-mor de madeira, digno de uma grandiosa igreja, mas que não chega a ser tão belo quanto os antigos altares-mór destruídos. 

Com o tombamento, obviamente os párocos ficaram impossibilitados  de realizarem intervenções que alterem o que resta de reminiscencias nos traçados mais antigos do prédio, embora a matriz tenha ultimamente ganhado na gestão paroquial do Padre Nilson Nunes uma nova pintura que realçou e deu uma nova vida a nossa matriz. Atualmente sobre os cuidados do Padre João Firmo o Santuário de N. S. da Conceição, está ganhando uma sobrevida também nos menores detalhes a serem observados minunciosamente no interior da igreja, além da boa vontade do mesmo de zelar e cuidar do patrimônio do povo de Deus.

 Realização da "Santa Missa", aspecto interno da matriz. Fonte: paroquiadeararunapb.com
Realização da "Santa Missa". fonte paroquiadeararunapb.com
Aspecto interno da matriz de Araruna. Fonte paroquiadeararunapb.com
Nestes mais de 150 anos de existência do Santuário da Conceição, a paróquia de Araruna foi administrada por diversos padres, que contribuíram cada um com uma parcela da história viva de nossa matriz, e com a história de fé do povo da Serra de Araruna, alguns numa porção pequena e fragmentada de tempo, exemplo de uma grande proporção de tempo a frente da paróquia está o Monsenhor Joaquim de Sousa Simões, que por mais de 40 anos esteve a frente dos comandos da paróquia.

Em seguida veremos uma relação dos párocos que já passaram pela administração da Paróquia de Araruna,  iniciando com o Padre Pedro Barbosa Freire em 1856 até o Padre João Batista da Silva Firmo nos dias atuais.


  1. Padre Pedro Barbosa Freire - 1856 á 1863;
  2. Padre José Januário Pereira Lima - 1863 á 1865;
  3. Padre Francisco Xavier da Rocha - 1865 á 1882;
  4. Padre Manoel Correia de Souza Lima - 1882 á 1895;
  5. Padre Joel Esdras Lins Fialho - 1895 á 1906;
  6. Padre Francisco Targino da Costa - 1906 á 1919;
  7. Padre Francisco Bandeira Pequeno - 1919 á 1940;
  8. Monsenhor Severino Cavalcanti de Miranda - 1940 á 1952;
  9. Padre Epaminondas José de Araújo - 1952 á 1953;
  10. Monsenhor Joaquim de Sousa Simões - 1953 á 1996;
  11. Padre Francisco de Assis Inácio -1989 á 1993;
  12. Padre Cícero Roberto de Araújo - 1993 á 1996;
  13. Padre Cristiano Muffer - 1996 á 2002;
  14. Padre Nilson Nunes da Silva - 2002 á 2009;
  15. Padre João Batista da Silva Firmo - 2009 aos dias atuais.

Detalhe do Frontispício da Igreja Matriz, após reforma em 2000.
Fonte: A União, Edição comemorativa da restauração da Igreja Matriz de N.S. da Conceição.

Desta maneira, conferimos neste modesto texto a complexidade e importância da Matriz de N. S. da Conceição na   história de nosso município, seja na fé depositada pelo povo ararunense, ou até mesmo pela importância da mesma inserida no espaço urbano  e geográfico de nossa querida Araruna


Wellington Rafael

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Memórias de Araruna: Relembrando Alain Delon

Alain Delon
Alain Delon de Pontes Costa, nasceu no dia 23/02/1967 em Campina Grande, Paraíba. Filho de Otávio Elias da Costa e Marta Mousinho de Pontes. Foi ator, radialista, político e ativista cultural.

Tudo leva a crer, que seu nome foi inspirado no ator francês Alain Fabien Maurice Marcel Delon, quis o destino que o Alain Delon paraibano também se tornasse ator.

Um homem com espírito revolucionário, que marcou em Araruna uma geração de pessoas, com sua personalidade forte, dedicado as artes, era combativo as desigualdades e opressões que historicamente marcam a conjuntura social.


Os textos em seguida, são  compilado do que o poeta e agitador cultural, Jairo Lima, possuidor de uma sensibilidade artística valorosa, nos narra sobre sua convivência durante a infância com Alain Delon. do qual se considera uma espécie de "seguidor".


     Jairo nos diz:
      
      
Identidade funcional da Rádio Integração do brejo. Fonte: André Santana. 


  "No início da década de 90 em Araruna, apareceu um certo cacimbense, que com seu talento incrível, sua ousadia inquieta e seu carisma, não poderia deixar de causar revoluções e provocar polêmicas em nossa cidade com seus projetos, onde sempre procurava propagar suas ideologias. Com tais atitudes, o rapaz muitas vezes pagava altos preços. Porém, em momento algum se intimidou e deixou de levantar sua bandeira, pois tinha consciência de que sua luta não era em vão, percebeu que pouco a pouco, congregava seguidores."

Alain interpretando um bêbado, década de 1990.
Fonte: Jairo Lima.

"Conheci Alain Delon de Pontes Costa no ano de 1991, quando, eu ainda menino, freqüentava os estúdios da recém fundada Rádio Serrana. Nesse período Alain Delon, um jovem de Cacimba de Dentro que acabara de chegar para reforçar o time de locutores da mais nova emissora de rádio da região, juntamente como o já criado Grupo Serra de Teatro de Araruna, fazia sucesso com a encenação da Paixão de Cristo daquele ano e com a mega produção da rádio-novela Amor Cigano e da minissérie Filhos do Silêncio, cujas foram ao ar através da Rádio Serrana AM e tinham uma grande audiência não só em Araruna, mas em cidades circunvizinhas do Rio Grande do Norte."


Alain Delon em uma estação radiofônica, década de 1990.
Fonte: Jairo Lima.
 "Minha primeira oportunidade de conversar com o teatrólogo e de falar sobre a admiração pelo seu trabalho se deu numa certa manhã, quando eu fui acompanhar seu programa de rádio ao vivo e a cores no estúdio B da Rádio Serrana.  Ao final do programa, Alain me pediu para lhe ajudar levando até a casa de Julieta de Lourdes (local onde o mesmo se hospedava aqui em Araruna, logo quando o mesmo veio trabalhar na cidade) algumas sacolas, eram frutas que tinham sido levadas por um ouvinte seu da zonal rural, se não me engano eram mangas. 

Saímos e no caminho conversamos bastante e ao chegarmos à casa de Julieta recebi de Alain Delon algumas moedas como gorjetas pelo meu trabalho e a promessa que iria fazer parte do Grupo Serra de Teatro. A promessa se concretizou e poucos meses depois eu fui convidado para fazer parte do elenco da minissérie de rádio Um homem, uma mulher e, no ano seguinte, participei do espetáculo da Paixão de Cristo.

Nessa altura Alain Delon, por desentendimento com a administração da Rádio Serrana, tinha deixado a emissora, porém com isso não se abateu e continuou sua caminhada rumo aos seus ideais, ainda bem mais fortes e com sua sede de justiça mais aguçada do que nunca. Nesse clima de revolta Alain Delon montou a polêmica peça Podres Poderes, que tinha como trilha sonora a música homônima de Caetano Veloso, cuja peça teatral, eu, ao lado do próprio Delon, Júlia Carmem e Marcelo Ramos, encenamos no Clube 14 de Julho em Araruna - PB, e no Tacima Clube em Tacima - PB e na cidade de Dona Inês - PB.  



O jovem Alain discursando na sede do PT ararunense, década de 1990.
Fonte: Jairo Lima.
Em 1992, ano de eleições municipais, Alain Delon entrou para a política e disputou pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) uma vaga de vereador na Câmara Municipal de Araruna. Apesar de seu carisma e empenho durante a campanha, não conseguiu votos suficientes para se eleger, apena 51 votos.

Perseverante, Alain Delon esperou quatro anos e em 1996 se lançou candidato pela coligação PT/PSB, dessa vez para disputar a vaga de prefeito, como vice tinha a colega de teatro, Valnete Morais (falecida em 2004). Alain Delon (agora no PT), esteve num embate de Davi contra Golias, os seus concorrentes foram o candidato eleito no pleito, Benjamin Maranhão Neto (PMDB), herdeiro de oligarquia que estava em hegemonia política há algumas décadas no município e Cláudio José, filho do maior líder oposicionista á época, Raul Câmara. 


Resultado do pleito de 1996. Fonte: TRE-PB.

Desacreditado pelas grandes lideranças políticas locais, Alain Delon obteve 652 votos, o que demonstrava estar conquistando a credibilidade do eleitor do município, após isto, tornou-se forte nome de oposição ao grupo Maranhão, fazendo constantes denuncias e recebendo as mais diversas retaliações. 

Alain Delon junto de seu grupo teatral em encenação da Paixão de Cristo, entre eles Jairo Lima.
Foto: Década de 1990. Fonte: Jairo Lima

Jairo Lima ainda nos narra: 

"Passadas as eleições de 1996, Alain Delon dedicou-se unicamente a seu programa na Rádio Integração do Brejo em Bananeiras/PB, para onde viajava em uma moto cedida pelo pároco de Araruna, Pe. Cristiano Mufller, e também ao teatro, mais precisamente a Paixão de Cristo. Em 1997, houve espetáculo realizado no Estádio de Futebol Demóstenes da Cunha Lima, para uma multidão de espectadores que lotaram por completo as arquibancadas, onde muitos se emocionaram com o tom de realidade mostrado em cena pelos atores. Não sabia Alain, porém, que esta Paixão de Cristo que seria a última da sua vida. 

O espetáculo contou com a participação de alguns atores de fora,  como o alemão Sebastian, que interpretou Jesus Cristo e o guarabirense Elias dos Santos, que encenou o diabo. Alain Delon, naquele ano interpretou o personagem Pilatos e surpreendeu toda platéia quando surgiu em cena montado a cavalo. Sem dúvidas nenhuma Araruna vivia seus dias de "Nova Jerusalém”.  Lamento não ter participado deste derradeiro momento de Alain encenando". 



Morre o homem, fica as boas lembranças

Era início de 1998, Alain Delon e o Grupo Serra de teatro começavam os primeiros ensaios para a Paixão de Cristo daquele ano, onde pretendiam repetir a emoção e o sucesso do ano anterior. A novidade de 98 era que o espetáculo retornava para a Praça Rio Branco, centro da cidade e local das primeiras apresentações do grupo. Porém, tudo não estava para acontecer conforme o esperado, pois uma fatalidade estava a caminho daqueles jovens.

Alain Delon em papel bíblico na igreja matriz de Araruna.
 Foto: Década de 1990. Fonte: Jairo Lima.
No início da noite de 22 de março, um domingo como outro qualquer, Alain Dellon, após passar o dia inteiro com um grupo de amigos bebendo e se divertindo em uma cachoeira na zona rural de Araruna, pilotava sua moto no Centro da cidade para a "Bairro da Palha", quando, ao passar no cruzamento da Rua João Pessoa com a Dr. Castro Pinto, por estar em alta velocidade e a rua pouca iluminada, chocou-se violentamente com um monte de entulho que estava jogado em via pública e caiu com o rosto no calçamento, onde por não está usando capacete se machucou gravemente, chegando a ser socorrido no Hospital Maria Julia Maranhão, mas que nada adiantou, pois o mesmo já se encontrava sem vida. Faleceu então, aos 31 anos de idade, o jovem Alain Delon. 

A vida muitas vezes nos surpreende com acontecimentos, em 1998, estava eu (autor deste blog) sentado a frente de casa em uma noite, na rua Dr. Castro Pinto, quando me deparo  com um vulto escuro voando alto, como numa alucinação, que se transforma num pesadelo, ao ver o jovem até então desconhecido, caindo de moto em minha frente e em instantes seguintes chegando ao falecimento. Foi a unica vez que recordo tê-lo avistado na vida. 

No seu sepultamento no dia seguinte o clima era de profunda comoção entre a grande multidão que compareceu para prestar suas últimas homenagens ao guerreiro Alain Delon, ele que embora tenha partido de forma tão prematura deixou um verdadeiro legado cultural para nossa gente. 


Por: Wellington Rafael


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Histórico da Rádio Serrana de Araruna

Antiga logomarca da Rádio Serrana, 590 AM

A população do município de Araruna, tem vivenciado nos últimos dias, o retorno das atividades da Rádio Serrana, fora do ar há alguns meses, e com muita satisfação acompanhamos novamente a querida "serrana" de volta, abrilhantando o dia-a-dia de milhares pessoas, de diversas gerações, em nosso município e em mais de 150 outros municípios espalhados pelo nordeste brasileiro, através das ondas da 590 KHz AM. 

Essa história está recomeçando, mas, iniciou há exatamente 23 anos, quando Availdo Azevedo  anuncia pela primeira vez: "No ar a ZYI 692, 590 KHz, Rádio Serrana de Araruna, operando em caráter experimental", carimbando de forma inesquecível o passaporte da emissora ao sucesso radiofônico. 

"Em 11 de novembro do ano de 1988 Dona Wilma Targino Maranhão, juntamente com o senhor Luiz Azevedo do Nascimento (Lulinha), simbolicamente cortaram a fita, dando por inaugurada a Rádio Serrana Ltda., a primeira emissora da Região Serrana instalada na cidade de Araruna, á rua Coronel Pedro Targino, s/nº. onde ainda hoje funcionam seus estúdios e administração." (NASCIMENTO, 2003, p. 282).*

Rádio Serrana de Araruna em 2011.

Á partir daí, se deu a arrancada de uma trajetória de sucesso, onde muitas vidas foram marcadas através da arte do entretenimento, por uma equipe comprometida com a ética profissional e a paixão pela radiofonia,  diversas foram as presenças registradas ao longos destes mais de 20 anos, algumas breves, outras duradouras, mas, todas marcantes, afinal o conjunto de um grupo unido é o que rege o resultado de uma trajetória vitoriosa.

Ao longo dos anos a rádio teve vários diretores, sendo o primeiro deles o radialista Claudio Cunha, em seguida foi substituído pelo radialista Availdo Azevedo, detentor do percurso mais duradouro na direção da emissora, precedido por Vivaldo Félix e tendo em seu comando atualmente o jovem radialista Jocimar Dias.

Uma excelente equipe se formou no traçado do tempo, e muitos nomes marcantes se fizeram presentes a frente dos microfones da querida Rádio Serrana e na apresentação de seus programas como: Availdo Azevedo, Lucimar Oliveira, Fernando Oliveira, Carlos Suzuky, Adna Nobre, Digenilson Silva, só para citar alguns, pois os amigos são muitos e o espaço pequeno, para tamanha grandeza das amizades que esta emissora ajudou a formar, pois o carisma desta equipe era forte.

Muita versatilidade se observava em cada programa, como víamos, só para citar como exemplos, as personagens interpretadas por Carlos Suzuky, como a "Vovó Quitanda" e o "Professor Chupeta", interessante relembrar de quadros memoráveis como: "A hora do chorão" e a leitura da carta do ouvinte,  humoristicamente batizada de "As desgraças da minha vida", além do auxílio de colegas como "Chaveirinho da Paraíba", "Mané Boca de Papa", "Beto da Barraca", "Zé Heleno", entre outros, estas participações enriquecem os programas, pois trazem o público para mais perto do mesmo. Presença sempre marcante também é a do meu querido amigo "Chefe" de Tacima, que sempre fez companhia ao Padre Júlio Paiva em seus programas da emissora  "NO ALTO DA SERRA DE ARARUNA".

Dentro de sua grade programacional, no decorrer de pouco mais de duas décadas, muitos foram os programas apresentados pela Serrana de Araruna e muitos também foram os apresentadores dos mesmos, mas, sem duvida, alguns programas marcaram mais na história e na memória dos ouvintes.

      Programas mais marcantes ao longos dos 23 anos no ar:
  • Ligação Direta - apresentação Clóvis Soares (in memorian);
  • Disque Jóquei - apresentação Walker Anominondas;
  • Poesia Verso e Viola - apresentação Availdo Azevedo, Fernando Oliveira;
  • Exclusivo Sertanejo - apresentação Adna Nobre; 
  • Emoções - apresentação Ary Silva;
  • Tudo acontece no Sábado - apresentação Alain Delon (in memorian);
  • Serrana Esportiva - apresentação  Milton Mará e Carlos Suzuky;
  • Paraíba Verdade - apresentação Padre Júlio Paiva;
  • Brega Show - apresentação Fernando Oliveira;
  • Serrana no Comando da Noite - apresentação Lucimar Oliveira;
  • Super Show do Amigão - apresentação Ivan Carlos;
  • Sintonia 590 - apresentação Sandra Macêdo, Carlos Suzuky;
  • Comando Musical da Manhã - apresentação Digenilson Silva;
  • Exibição Tradicional das Santas Missas.

Além destes tradicionais radialistas citados por vocação ou ocasião, dos quais se dispensam apresentações, tamanho a grandeza de seus carismas e sobretudo o amor e zelo, empenhados pelos mesmos a prática radiofônica, também devemos relembrar alguns outros, que tiveram na Rádio Serrana uma temporada mais curta, mais não menos marcante como: Franco Benevides, Marcos Ribeiro (in memorian), Sandra Macêdo e os potiguares JB (in memorian), Vania Lucia, Audy Acioly, Duda Santos, Fernando Luiz (cantor), que se fizeram presentes embora em menor proporção temporal da grande família da Serrana.

Em muito contribuíram para a história de sucesso da Rádio Serrana, os funcionários da parte técnica administrativa, que também usavam da simpatia e gentileza no atendimento aos ouvintes por telefone, ou exercendo muitas outras funções na emissora como: Cidinha Santos, Gilza Alves Azevedo e Nilson Santos.

A  seguir algumas fotos  de personagens que fizeram parte da história Rádio Serrana.

Duda Santos, década de 90.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.
Fernando Oliveira, década de 90.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.

Fernando Oliveira, Availdo Azevedo, Gilza ALves,
Fontes: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.



Adna Nobre, década de 1990.
Fonte: Acervo pessoal de Adna Nobre.
Adna Nobre e Digenilson Silva, década de 90.
Fonte: Acervo pessoal de Adna Nobre.
Lucimar Oliveira ao lado de Ivan Carlos, data indefinida.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.
O jovem Jocimar Dias, década de 90.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando  Oliveira.


Trio de ouro da Serrana: Availdo Azevedo, Walker Anominondas
 e Fernando Oliveira, década de 90.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.


Ivan Carlos, Clóvis Soares (in memorian), Digenilson Silva e Fernando Oliveira.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.
Fernando Oliveira e Silvio Luiz  (TV BAND) em 1995.
Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.


Jocimar Dias, Carlos Suzuky e Milton Mará, década de 90.
Fonte: Acervo  da Rádio Serrana.
Milton Mará, Fernando Oliveira, Jocimar Dias, Carlos Suzuky e Nilson Santos,
década de 90.  Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.
Fernando Oliveira entrevistando o jovem prefeito  Benjamin Maranhão,
década de 90.  Fonte: Acervo pessoal de Fernando Oliveira.

 A partir de agora vamos conferir imagens da equipe que forma atualmente a rádio Serrana de Araruna.

Fernando Oliveira
Lucimar Oliveira
Adna Nobre
Carlos Suzuky 

Digenilson Silva
Marcos Adriano
Jocimar Dias
Cidinha Santos
Padre Júlio Paiva
Nilson Santos

Os populares "Pipo" e "Xaveirinho da Paraíba" 
(participação em alguns programas, não fazem parte da emissora, mas, gostam de auxiliar em alguns programas)
Adna Nobre em entrevista ao ex-governador José Maranhão,
 durante o Primeiro Festival de Inverno de Araruna, 2009.
Prefeita Wilma Maranhão e deputada Olenka,  em
confraternização com alguns  membros da rádio Serrana.

Durante toda década de 1990, a emissora sempre esteve entre as de maior influencia junto a seus ouvintes e aos anunciantes, mesmo com o processo de proliferação das rádios, a Serrana de Araruna é, e foi inegavelmente, assim como nos diz Pereira Nascimento, "[...] a líder em audiência em diversas regiões da Paraíba e do Rio Grande do Norte [...]". A Rádio Serrana faz seu retorno, neste ano de 2011, ás vésperas de comemorar 23 anos de existência sob os cuidados do ex-governador do estado José Targino Maranhão, retornando com um novo transmissor, atingindo cerca de 170 municípios dos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, além de trazer como novidade o acréscimo do radialista Marcos Adriano aos seus quadros, como uma nova figura a iniciar história na emissora.

É extremamente gratificante falar desta emissora, não apenas pelo seu produto em si, não pelo resgate da história  propriamente dita, mas, da história de vida, do profissionalismo e das amizades construídas em todos estes anos, e que é sentida no brilho do olhar e no sorriso de cada membro da rádio, pois a maior comunicação, que esta estação radiofônica realizou, foi a vinculação da ética, da moral e do respeito, entre seus integrantes e para com o público, alimentando um ciclo que se renova em cada palavra e em cada gesto de carinho e amor pelo que se faz.

Para ouvir a Rádio Serrana de Araruna basta sintonizar seu rádio na faixa de 590 KHz AM ou pelo site www.radioserrana590.com. São essas e muitas outras ações que fazem que a Rádio Serrana seja sempre "A VOZ DE ARARUNA QUE A PARAÍBA CONHECE", então, sintam-se convidados a novamente ouvirem as ondas da "Rádio que fala bem de você", como nos diziam as clássicas vinhetas da emissora.
Nova logomarca da Rádio Serrana, 590 AM

_______________________________________________________________________

Agradecimentos:
  • Ao amigo Fernando Oliveira, que contribuiu com seu vasto acervo fotográfico e oralidade inconfundível, além de fazer questão que nenhum detalhe a cerca da  história da rádio, assim como os atores dela, não fossem esquecidos.
  • Aos amigos Adna Nobre Carlos Suzukyque emprestaram um pouco de seu tempo, contribuindo com  fotografias e histórias sobre a emissora e com a realização desta modesta matéria.
  • A querida amiga Lívia do Nascimento Oliveira, que com sua simpatia e carinho me incentivou a produzir este trabalho sobre a Rádio Serrana, e me fez despertar o interesse que já tinha por esta bela história. 

*NASCIMENTO, Pereira. A História da Radiofusão na Paraíba. 2003.


Wellington Rafael

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

UEPB Campus VIII Araruna - 1 ano de vitórias

Entrada do Campus VIII Araruna. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII.
No  dia 20  de setembro, o campus VIII da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), completou 1 ano de funcionamento, onde sua inauguração foi realizada aos 20 de setembro de 2010. Data louvável, que contou com a presença do governador em exercício, o desembargador Luiz Silvio Ramalho, da reitora da UEPB, Marlene Alves de Souza Luna, da prefeita do município de Araruna, Wilma Targino Maranhão, além de outras presenças, que se fizeram marcantes nesse dia memorável.

Nessa data, foi marcada o início do novo campus da UEPB,  que hoje forma o Centro de Ciências, Tecnologias  e Saúde (CCTS), no denominado "Campus VIII - Professora Maria da Penha", homenagem a uma antiga professora deste município que muito contribuiu com a educação dos jovens em sua trajetória de vida. O campus VIII de Araruna, oferecendo os cursos de Bacharelado em Odontologia, Bacharelado em Engenharia Civil e Licenciatura em Ciências da Natureza, além de diversas extensões, e perspectivas animadoras de implantação de novos cursos.

Prefeita Wilma Maranhão e reitora Marlene Alves
 descobrindo a placa de inauguração. Dias, Jocimar (2010).

Ao longo deste primeiro ano, de muitas realizações e sucessos, a cidade de Araruna comemora um episódio marcante em sua história política, constituindo a partir da inauguração desta universidade, a "Pedra Fundamental" de muita esperança, e créditos de um futuro promissor, pois já sente em seu cotidiano, e em sua economia o impacto causado com a vinda deste campus. 

Atualmente centenas de jovens se deslocam de suas cidades e se instalam na cidade de Araruna, local escolhido para a batalha iniciada aqui, através  de suas chegadas, com direção a seus sonhos mais promissores, além da vinda de professores, e demais categorias, que porventura também estão ajudando a construir um novo aspecto social e cultural em nossa cidade e certamente também transformando a vida de cada um deles.

Devemos ressaltar, que a vinda deste campus universitário, foi certamente um presente maravilhoso para nossa cidade, e para toda microrregião do Curimataú como um todo, mais que não veio de graça, muitos anos de espera se passaram, sem que nosso campus e toda sua excelente estrutura física, digna de louváveis elogios, ganhasse enfim uma alma e um espírito com a efetivação da criação do campus. 

Vista lateral dos blocos. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII. 

Vencendo todos os obstaculo impostos pelo tempo perdido, Araruna, deve creditar e fazer um agradecimento especial , ao empenho e determinação do então governador do estado da Paraíba, o senhor José Targino Maranhão, que por este campus universitário sonhou, idealizou, construiu, lamentou, se esforçou, e enfim, após muitos entraves, inaugurou, e conseguiu trazer uma instituição de Ensino Superior para o município de Araruna,  pois ele próprio sabe das dificuldades dos mais carentes e dos que vivem mais distante, possuírem acesso a uma universidade, através deste pensamento, ele lutou e trabalhou até vencer.

Reitora Marlene ao lado de José Maranhão,
em visita ao campus em dez/2010. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII.

Muito bem nos disse o desembargador Luis Silvio Ramalho no dia da inauguração do campus VIII: "Quem é do interior, como eu, sabe das dificuldades que os estudantes sentem ao chegar á universidade. Se a universidade vem pra nossa casa, fica mais fácil. E o progresso só chega a um município ou região por meio do conhecimento, da educação".

Laboratório de Informática. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII.

Laboratório de Odontologia. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII. 
Sala de leitura. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII. 

Sala do Auditório. Fonte: Sec. da UEPB campus VIII.

Então, nesta ocasião especial, se deve agradecer o empenho do Governo da Paraíba, e da reitora da Universidade Estadual da Paraíba, por meio das pessoas do ex-governador José Maranhão e da reitora Marlene Alves, pela efetivação deste sonho, que agora nos é realidade, e que com certeza, irá transformar muito mais, a vida econômica, social e cultural de Araruna e cidades vizinhas. 

Neste primeiro ano de existência do Campus VIII Araruna, devemos desejar sucesso e muito progresso, na vida de nossos estudantes naturais da cidade, ou jovens desbravadores de seus destinos, que aqui estão estudando e se aventurando no mundo acadêmico, aos professores, e todos aqueles que fazem e farão parte desta bela história, que está sendo escrita no nosso campus, na nossa cidade e nas nossas vidas.

Parabéns Campus VIII Araruna, pelo seu primeiro aniversário!

Wellington Rafael