domingo, 10 de dezembro de 2017

A colossal Pedra da Macambira em Araruna

Pedra da Macambira em Araruna - PB. Foto: Carla Belke.
A colossal Pedra da Macambira é  um imenso bloco granítico situado na porção norte do município de Araruna, no curimataú paraibano, na região do Vale do Rio Calabouço, rica em grutas, nascentes de água, escrituras rupestres, e sendo uma das divisas naturais da Paraíba e Rio Grande do Norte. Estando localizada em uma propriedade privada na zona rural de mesmo nome "Sítio Macambira". .  
Neste afloramento rochoso nasce naturalmente a macambira (Bromelia laciniosa), planta presente em grande parte da vegetação nordestina do Brasil, no bioma caatinga, muito utilizada para o sustento bovino em tempos de secas. 
Da família das bromeliáceas, as macambiras que dão nome à Pedra.
Foto: @aventuramang

Cruzeiro no alto da Pedra da Macambira, manifestação comum em muitas elevações
 interioranas. Fonte: @aventuramango     

Situada a uma latitude de 6º 29'0,5.79" Sul e longitude de 35º46'29" Oeste, a Pedra da Macambira possui cerca de 100 metros de comprimento e 80 metros de largura na sua parte superior, sendo um dos maiores afloramentos rochosos do município. 


Divisa dos estados PB e RN, Pedra da Macambira e comunidade São José (Araruna)
Fonte: Google Maps.    

Mapa de Araruna - PB, indicando a direção da cidade á pedra. Fonte: Wikimapia.


  
Entrevista do Professor Wellington Rafael ao canal Jornalismo de Viagem, 
em visita realizada a Araruna em 2018.


Partindo da sede de Araruna até a Pedra da Macambira, são cerca de 8 km, onde se deve ir a saída da cidade em direção ao Rio Grande do Norte, sair do asfalto e adentrar na comunidade rural "Varelo de Cima" e seguir em direção ao Sítio Macambira e a comunidade São José. A estrada vicinal é estreita, porém, a imensa dimensão da rocha ajuda guiar os desbravadores. 

No topo de seus mais de 380 metros de altitude é possível se observar todas as paisagens em seu redor, como a sede da cidade e municípios vizinhos. Nas proximidades da rocha  se localiza a comunidade rural denominada São José. 

Magnitude da Pedra da Macambira. Fonte: Herbert Dantas
Embora não tenha a mesma badalação verificada na Pedra da Boca, a Pedra da Macambira não decepciona, e sim surpreende, além da sua enorme dimensão, com suas fissuras, possuindo até uma que se assemelharia a uma boca, porém com dentes, é uma excelente opção para os amantes do bucolismo e da natureza. Ambas, ("Bôca" e Macambira) fazem parte do patrimônio natural de Araruna - PB.
O local tem grande vocação para os esportes radicais e de aventura, e esta aos poucos sendo frequentado por turistas de diversas regiões que praticam esportes como pedalada, corrida, rapel e escalada, além de possuir muitas trilhas, o que favorece esportes diversos.  Suas trilhas são curtas, mas exigem um preparo físico mínimo, possuindo mais de 1 (um) quilometro, em trechos íngremes, com densa vegetação.

A Pedra da Macambira está sendo "descoberta" por muitas pessoas, que, ao desbravarem a região acabam se encantando com o lugar, e se admiram com este imenso colosso granítico.
Visão panorâmica da Pedra da Macambira. Foto: Carla Belke.
Por: Wellington Rafael

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Brasão de Araruna recebe atualização


                     Foi publicado no Diário Oficial de Araruna no dia 06 de outubro de 2017, projeto de lei sobre a atualização do Brasão de Armas do município, o mesmo já havia sido aprovado em agosto pela Câmara Municipal, atendendo pedido feito por Wellington Rafael, da Gerência de Cultura e Artes e do Conselho Municipal de Cultura.
            Esta discussão foi antes avaliada e aprovada no conselho que representa vários segmentos da sociedade, encaminhando, após isto, a proposta para o vereador Antônio Jefferson Targino, que a apresentou para analise do poder legislativo, contando com parecer favorável da Comissão Permanente de Finanças, Justiça e Legislação sob relatoria do vereador Rodolfo Cordeiro.
Publicação no diário oficial: https://www.araruna.pb.gov.br/diario-oficial/diario-oficial-949874788/

Sobre a retificação:
            O Brasão de Araruna originalmente foi adotado em 1989, como símbolo municipal, tendo passado por modificação valiosa em 2009.
            O mesmo apresenta: a denominação ARARUNA; uma arara; uma serra simbolizando a Serra de Araruna; ramos de café e de feijão simbolizando a economia; a data de emancipação política 10 de Julho de 1876; raios solares de fundo; um livro com as iniciais “P” e “S”; representando o imortal Pereira da Silva.

            Foram pedidas as seguintes modificações:

            Arara: A origem do nome Araruna, segundo o pesquisador Humberto Fonseca de Lucena, deriva da língua tupi A’rara Una, significando arara preta, que seriam da espécie Anodorhynchus hyacinthinus (lath.), da cor azul escuro, que vistas à distância pareciam negras. Portanto, a arara do brasão teria sua coloração escurecida, de azul claro para azul escuro.

            Monumento natural: O atual brasão apresenta uma serra pontiaguda estilizada, na cor verde, que difere da realidade, onde a Serra de Araruna inicio da porção norte do Planalto da Borborema, apresenta em seu topo uma chã plana, diferente da representação do brasão. Portando, se apresenta o pedido de alteração desta serra pontiaguda estilizada pelo afloramento rochoso denominado Pedra da Boca, que faz parte do parque estadual de mesmo nome, sendo este integrante do patrimônio natural do município, e portanto, parte de nossos símbolos municipais.
         A Arte gráfica do brasão retificado foi feita por Allan Jefferson, da agência Sincronia, na própria cidade de Araruna.
            Segundo o gerente de Cultura e Artes de Araruna, Prof. Wellington Rafael, após agradecer a aprovação do pedido:
           
 “O objetivo destas retificações está no fortalecimento de nossa história, cultura e valores, sendo nosso brasão, bandeira e hino, instrumentos muitos sérios de representação da identidade do povo ararunense, onde a arara cor clara e a serra pontiaguda não nos representariam, sendo estes substituídos pela arara escura e a Pedra da Boca. Onde o brasão deverá após sua aprovação, permanecer sem novas alterações”.



Brasão de Araruna em sua criação em 1989, sua renovação em 2009 e retificação em 2017.



Por: Wellington Rafael

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Memórias de Araruna: Recordando o Major Pedro Targino

Major Pedro Targino Pereira da Costa com fardão da Guarda Nacional.
Fotografia do final do século XIX.Fonte: Humberto Fonsêca de Lucena.
Pedro Targino Pereira da Costa (1860 aprox./1947) nasceu, residiu e morreu em Araruna/PB,  filho do casal Targino Pereira da Costa e Dona Jesuína Paula da Assumpção. É figura bastante lembrada no Curimataú paraibano, mediante sua liderança política.

Teve os irmãos Martiniano e Mariquinha, filhos do primeiro casamento da mãe; O casal Targino e Jesuína tiveram 11 (onze) filhos: Bernardina, Henrique, Francisco, Rosa Leopoldina, Paulina, Joana Elvira, Guilhermina, Pedro, Marianna, Júlia e Targino.  Sendo Pedro, o oitavo filho.

Foi casado duas vezes, a primeira com Dona Benedita Faustino Pereira da Costa ( Dona Dita) que veio a falecer em 1917, irmã de Francisco Antônio da Fonseca (pai de Abelardo T. da Fonsêca e irmãos); casado pela segunda vez com D. Ritinha. Em nenhum dos consórcios houve descendência.

Seu pai, o patriarca Targino Pereira da Costa, proprietário do Engenho Maquiné, foi membro eleito da primeira Câmara Municipal em 11 de julho de 1877, tendo recebido deste o traquejo político. Com o falecimento do seu genitor em 1887, é passado o bastão de liderança política local aos seus filhos mais atuantes na política, o Major Pedro Targino conseguia se sobressair como chefe do clã, mesmo sendo um dos filhos mais jovens e dividindo liderança com o irmão mais novo Targino Pereira da Costa (Coronel Gino) e  Francisco Targino Pereira da Costa (Pe. Targino). 

Registro históricos de lideranças políticas do Curimataú e Seridó Paraibanos. Pedro Viana (Cuité), Major Pedro Targino (Araruna) e Pedro Ortins (Picuí). Fotografia possível da década e 1940. Fonte: Jairo Macêdo.
Sobre o domínio dos Targino em um século de liderança em Araruna, a historiadora Zilma Ferreira Pinto nos diz: "Os Targino de Araruna, provenientes dos Pereira da Costa, têm escrito a história política do Município. Vêm dos primeiros tempos do povoado, em plena Monarquia; já na pessoa do Targino Pereira da Costa, então se auto-afirmando como representante do Partido Liberal, e do grupo opositor aos Bezerra Cavalcanti." (pg. 35, 2002).                                                    

O Major Pedro Targino era conhecido como uma figura autoritária, típica dos patriarcas políticos que dominavam as cenas oligárquicas dos municípios brasileiros, o mesmo é bastante recordado pelo seu forte senso de família, onde o sangue do clã Targino recebia do mesmo uma especial atenção. Consta em seu currículo um mandato na Assembléia Legislativa da Paraíba, entre 1916 e 1919. Era o conciliador, geralmente quando haviam alguns problemas era Pedro o procurado. Arranjava casamentos, conciliava casais e acolhia os separados, contribuía com o apoio financeiro, para tudo arranjava uma maneira de resolver. Por isso, o seu irmão Padre Targino o colocou a alcunha de "Pedro Arranjo". 

A riqueza do Major Pedro juntamente com o da família Targino em geral era tão alta, que mereceu destaque em registro feito por Lyra Tavares a cerca da economia de Araruna: "As principais fortunas são avaliadas em 2000 contos, sendo de mil contos a dos Targino, e igual soma dividida entre diversos".

Ruínas da Casa-Grande do antigo Engenho Maquiné, construído em 1897. Foto: Wellington Rafael da Silva.
Interessante se imaginar as figuras do Major Pedro e do Coronel Gino, como lideranças fidedignas do coronelismo desta região serrana, onde mesmo casados, dividiam  o senhorio da casa-grande do Engenho Maquiné e os destinos de Araruna. 

Após ter residido por algum tempo no Engenho Maquiné, o Major Pedro foi morar num casarão na localidade conhecida como Limão,  eram famosas as festividades do mês de junho, na data de São Pedro, onde ocorria grandes festas, pessoas dos mais diversos lugares do município iam se confraternizar. Lamentável destacar, a destruição deste casarão histórico no Limão, na década de 1990, por diversas pessoas que faziam parte dos movimento de luta por terras e reforma agrária. Perdemos assim um valioso testemunho da história do município. 

O Major Pedro em diversas ocasiões recepcionava também as pessoas no casarão da rua Velha (Atual Antônio Pessoa), onde neste lugar aconteciam bailes, as tertúlias, eventos familiares, cívicos e políticos, assim como a festa de São João com quadrilha ensaiada, brincadeiras de salão e casamento matuto. O próprio Major Pedro, chefe do clã, vindo da fazenda, ficava no casarão; quando a sua presença se fazia necessária nos citados eventos. Ele que a tudo determinava e presidia. 

Sobre a postura de Pedro ainda é dito: "Era o major um homem de postura fidalga. Mesmo idoso mantinha-se esguio e elegante. Vestia-se com esmero, nunca dispensando o colete e paletó. Perfeito anfitrião, em quaisquer reuniões, recebia cortesmente familiares e demais convidados, a tudo dando atenção e conduzindo a festa".

Antigo casarão do Coronel Gino, na chamada Rua Velha, atual Antônio Pessoa. Foto: Wellington Rafael da Silva.
Capitão da Guarda Nacional, trajando
farda do fim do século XIX.
Fonte: Henrique Castro
Imperioso se destacar que a família Targino no inicio do século XX, gozava de grande prestigio no município, e com a participação dos mesmos juntamente com José Amâncio Ramalho á frente da construção do Velho Mercado, conseguiram chegar onde desejavam, com a nomeação de Pedro Targino da Costa para ocupar o cargo de prefeito municipal,  indicado pelo presidente João Machado da província da Paraíba. Ocupando assim, o Major Pedro o cargo de alcaide de Araruna de 1909 á 1921 (!), além de posteriormente se tornar Deputado Estadual. 

Araruna assim, se via totalmente dominada pelo coronelismo da família Targino, pois contava com o Major Pedro na Prefeitura, Coronel Gino no Conselho Municipal e o Padre Targino á frente da paróquia. Além disto, Pedro Targino foi integrante da chamada "Guarda Nacional" que foi criada em agosto de 1831, com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade e a independência do império brasileiro. Este seleto grupo era composto somente por brasileiros de 21 a 60 aos, que gozassem de amplos direitos políticos, sendo excluído qualquer pessoa que fosse oriunda das classes populares.

De acordo com documento encontrado no Centro de Documentação Cel. João Pimentel em Guarabira-PB:
"Fica claro os interesses dos dirigentes do império, que a maioria dos senhores proprietários de terras, detentores de poder econômico, compravam seus títulos de coronéis, junto ao Estado brasileiro". Isto favoreceu que muitos proprietários de terras adquirissem patentes e formassem milícias. 

Na prática, os detentores de títulos da Guarda Nacional representavam uma situação histórica de abuso das instituições públicas para fins estritamente particulares, onde os "coronéis" valiam-se de suas tropas armadas para preservar seus interesses econômicos e político pessoais. 

O Major Pedro Targino seja por toda força política e influência dos Pereira da Costa, sua participação como membro da Guarda Nacional, ou o senso de família, foi um grande patriarca dos Targino, e dirigente local por tempo bastante relevante. Morreu em 1947, no pleno comando da política municipal, durante período de redemocratização do país após a ditadura de Getúlio Vargas,  uma multidão participou de seu cortejo fúnebre. Foi a personificação do conceito de família clânica e o último Targino Pereira da geração mais antiga. 

Wellington Rafael 

Referências:
*Os Targinos e os Belmont da Serra de Araruna. Pinto. Z.F. 2002;
*O Velho Mercado de Araruna e seus arredores. LUCENA. H.F. 1996.

segunda-feira, 13 de março de 2017

A história do Velho Mercado de Araruna

O Velho Mercado de Araruna, e seus arredores. Fotografia de 1940. Fonte: Humberto F. Lucena

O atual Mercado Cultural Professor Arnaldo Rodrigues está totalmente ligado a história da evolução urbana de Araruna, no que tange seu desenvolvimento, pois foi esta edificação que contribuiu com o progresso da cidade na primeira metade do século XX.  Este logradouro público foi construído com a designação de ser o Mercado Público da cidade, e foi esta finalidade que  exerceu por muitas décadas após sua construção.

Nos primeiros anos do século XX, foi erguido o primeiro mercado público de Araruna, idealizado pela família Targino (grupo influente politicamente no município) capitaneada pelos irmãos Pedro Targino Pereira da Costa (Major Pedro Targino) e Targino Pereira da Costa (Coronel Gino), só que para que realmente este projeto saísse do papel, foi de crucial importância, a determinação do misto de advogado e engenheiro José Amâncio Ramalho, e por mais que pese a participação dos Targino na construção do Primeiro Mercado, foi pelas mãos de Amâncio que a construção aconteceu.

José Amâncio Ramalho, construtor do Velho Mercado de Araruna.
Fotografia do inicio do século XX.
Fonte: Humberto Fonseca de Lucena
Major Pedro Targino Pereira da Costa ( 1859-1947).
Fonte: Humberto Fonseca de Lucena.
Targino Pereira da Costa (Coronel Gino). Foto da década de 1920.
Fonte: Humberto Fonseca de Lucena.

Para Amâncio, Araruna tinha que sair do estado de inércia em que se encontrava, e buscar novo fôlego para crescer, e foi realmente isso que aconteceu, a paisagem urbana primitiva, saindo de seus arruados mal dispostos e foram aos poucos dando lugar a uma paisagem organizada com um alinhamento de ruas projetadas, além de sair do marasmo econômico em que se encontrava a então vila de Araruna.

Deste modo, o prefeito da época, Sebastião Soares Cabral (1907/1909), influenciado pelo grupo político Targino, aceitou o desafio de construir este prédio, a prefeitura porém, só dispunha de 8 dos 30 contos de réis necessários á obra, assim, Amâncio custeou os demais 22 contos de réis faltantes, em troca de 10 anos de aluguel do prédio.

Aproveito o espaço para exaltar a importância histórica de José Amâncio Ramalho, construtor do velho mercado de Araruna, pois foi com esta bem feitoria que em muito a cidade progrediu, no entanto, não existe sequer uma homenagem pública em seu nome, denominando uma rua ou outro tipo de lembrança. A mesma se faria muito justa, para que as futuras gerações saibam de sua existência e importância.

Fachada principal do Velho Mercado Público. Fotografia de 1934. Fonte: Humberto Fonseca de Lucena

A alegria para construção do Velho Mercado que iniciou em 1908, trouxe esperança para toda população ararunense, assim como nos conta Humberto Fonseca de Lucena:

Conta-se, em Araruna, que todo o povo, em grande animação, carregou pedras para a construção do mercado. Esse entusiasmo contribuiu para abreviar os trabalhos, cuja duração ocupou todo o resto de 1908 e prolongou-se por quase todo o ano seguinte, quando a obra foi dada por concluída com a chegada dos portões de ferro procedentes da Europa. Restavam o reboco e a pintura. Na verdade, faltava pouco.  (LUCENA, 1996, p.67).

O mercado então, construído, foi inaugurado aos 7 de setembro de 1909, data que consta em seu brasão no topo de sua fachada frontal. Assim, a urbanização da cidade aconteceu, o comércio se deslocou para o entorno do mercado, a feira-livre junto, além do aformoseamento da urbe, com a construção de novas casas em seu redor, um marco para o município.

Velho Mercado de Araruna e feira livre em seu redor. Década de 1960.
(Fonte: LUCENA, 1996, p.185).
E assim foi por  longos 59 anos, o prédio sendo utilizado como mercado público, até que o mesmo foi desativado no ano de 1966 pelo prefeito Targino Pereira da Costa Neto, que construiu um novo mercado público para cidade, com a abertura da avenida Benedito Fialho, o qual é utilizado até hoje. Com isto, o “Velho Mercado” perdeu sua função, e ficou sem destinação por muito tempo, tendo grande parte do comércio em seu redor, migrado aos poucos, para junto do novo mercado, a administração municipal á época, o usou como garagem por algumas ocasiões, e pretendiam transformá-lo em sede da prefeitura de Araruna, mais não foi isso que aconteceu.

Em frente ao antigo Mercado Público, caminhão com carga de agave. Anos 1950
Fonte: memoriadeararuna.com.br.
Detalhes da arquitetura original da Praça João Pessoa. 1940. Fonte: memoriadeararuna.com.br

No ano de 2000, o “Velho Mercado” que tanto serviu a Araruna, foi restaurado, sendo salvo do estado de degradação avançada e desempenharia uma nova função, ganhou um novo título concebido por um projeto de lei, do então vereador Vital da Costa Araújo,  sendo denominado pelo prefeito Benjamin Maranhão Neto de "Centro Cultural e Social Professor Arnaldo Rodrigues", nomenclatura que reverencia um antigo professor do município. Infelizmente com o passar das gestões, até mesmo a função cultural, ficou aquém do que a sociedade merecia, e o prédio caiu novamente em estado de inércia. 

Antigo Mercado, já como Centro Cultural em 2009. Foto: ararunapb.com
 Com tanto menosprezo pelo prédio acabamos conhecendo os versos do velho Borges, que ao ver o abandono do velho mercado décadas atrás, dizia:  

“Oh Araruna ingrata
Que mal ele fez a tu ?
Num dia desse de festa
Até as casa se veste
Só o Mercado Véio anda nu!”

Após, um novo período de pouca movimentação, este centro de cultura é reaberto e reapresentado a população, como espaço para apresentações culturais e artísticas, tendo como forma de aliar sua grande história e importância pra vida urbana e social de Araruna, sendo nomeado de Mercado Cultural, continuando e aprofundando sua função como centro cultural da cidade, onde todos os finais de semana é realizado um evento que cada dia vem se consolidando, o "Domingo no Mercado - Cultura com Lazer", pensado e posto em prática pelo prefeito Vital Costa neste ano de 2017.



Fachada do Mercado Cultural em 2017. Fonte: https://www.araruna.pb.gov.br/noticias/mercado-cultural.html

Mercado Cultural em 2018, quando recebeu nova pintura, e uma atenção especial com seus detalhes em alto relevo na fachada. Foto: Carla Belke. 

O Velho Mercado de Araruna, é sem dúvida, a construção que mais contribuiu com o progresso urbano da cidade, e onde muitos dos episódios da vida cotidiana de nossa sociedade aconteceram, sua importância é grandiosa, sendo um dos mais conhecidos cartões postais da cidade, lugar que nos faz rememorar muitas reminiscencias.

Por: Wellington Rafael

Referências: O velho mercado de Araruna e seus arredores. 1996. LUCENA. H.F.