sexta-feira, 30 de junho de 2017

Memórias de Araruna: Recordando o Major Pedro Targino

Major Pedro Targino Pereira da Costa com fardão da Guarda Nacional.
Fotografia do final do século XIX.Fonte: Humberto Fonsêca de Lucena.
Pedro Targino Pereira da Costa (1860 aprox./1947) nasceu, residiu e morreu em Araruna/PB,  filho do casal Targino Pereira da Costa e Dona Jesuína Paula da Assumpção. É figura bastante lembrada no Curimataú paraibano, mediante sua liderança política.

Teve os irmãos Martiniano e Mariquinha, filhos do primeiro casamento da mãe; O casal Targino e Jesuína tiveram 11 (onze) filhos: Bernardina, Henrique, Francisco, Rosa Leopoldina, Paulina, Joana Elvira, Guilhermina, Pedro, Marianna, Júlia e Targino.  Sendo Pedro, o oitavo filho.

Foi casado duas vezes, a primeira com Dona Benedita Faustino Pereira da Costa ( Dona Dita) que veio a falecer em 1917, irmã de Francisco Antônio da Fonseca (pai de Abelardo T. da Fonsêca e irmãos); casado pela segunda vez com D. Ritinha. Em nenhum dos consórcios houve descendência.

Seu pai, o patriarca Targino Pereira da Costa, proprietário do Engenho Maquiné, foi membro eleito da primeira Câmara Municipal em 11 de julho de 1877, tendo recebido deste o traquejo político. Com o falecimento do seu genitor em 1887, é passado o bastão de liderança política local aos seus filhos mais atuantes na política, o Major Pedro Targino conseguia se sobressair como chefe do clã, mesmo sendo um dos filhos mais jovens e dividindo liderança com o irmão mais novo Targino Pereira da Costa (Coronel Gino) e  Francisco Targino Pereira da Costa (Pe. Targino). 

Registro históricos de lideranças políticas do Curimataú e Seridó Paraibanos. Pedro Viana (Cuité), Major Pedro Targino (Araruna) e Pedro Ortins (Picuí). Fotografia possível da década e 1940. Fonte: Jairo Macêdo.
Sobre o domínio dos Targino em um século de liderança em Araruna, a historiadora Zilma Ferreira Pinto nos diz: "Os Targino de Araruna, provenientes dos Pereira da Costa, têm escrito a história política do Município. Vêm dos primeiros tempos do povoado, em plena Monarquia; já na pessoa do Targino Pereira da Costa, então se auto-afirmando como representante do Partido Liberal, e do grupo opositor aos Bezerra Cavalcanti." (pg. 35, 2002).                                                    

O Major Pedro Targino era conhecido como uma figura autoritária, típica dos patriarcas políticos que dominavam as cenas oligárquicas dos municípios brasileiros, o mesmo é bastante recordado pelo seu forte senso de família, onde o sangue do clã Targino recebia do mesmo uma especial atenção. Consta em seu currículo um mandato na Assembléia Legislativa da Paraíba, entre 1916 e 1919. Era o conciliador, geralmente quando haviam alguns problemas era Pedro o procurado. Arranjava casamentos, conciliava casais e acolhia os separados, contribuía com o apoio financeiro, para tudo arranjava uma maneira de resolver. Por isso, o seu irmão Padre Targino o colocou a alcunha de "Pedro Arranjo". 

A riqueza do Major Pedro juntamente com o da família Targino em geral era tão alta, que mereceu destaque em registro feito por Lyra Tavares a cerca da economia de Araruna: "As principais fortunas são avaliadas em 2000 contos, sendo de mil contos a dos Targino, e igual soma dividida entre diversos".

Ruínas da Casa-Grande do antigo Engenho Maquiné, construído em 1897. Foto: Wellington Rafael da Silva.
Interessante se imaginar as figuras do Major Pedro e do Coronel Gino, como lideranças fidedignas do coronelismo desta região serrana, onde mesmo casados, dividiam  o senhorio da casa-grande do Engenho Maquiné e os destinos de Araruna. 

Após ter residido por algum tempo no Engenho Maquiné, o Major Pedro foi morar num casarão na localidade conhecida como Limão,  eram famosas as festividades do mês de junho, na data de São Pedro, onde ocorria grandes festas, pessoas dos mais diversos lugares do município iam se confraternizar. Lamentável destacar, a destruição deste casarão histórico no Limão, na década de 1990, por diversas pessoas que faziam parte dos movimento de luta por terras e reforma agrária. Perdemos assim um valioso testemunho da história do município. 

O Major Pedro em diversas ocasiões recepcionava também as pessoas no casarão da rua Velha (Atual Antônio Pessoa), onde neste lugar aconteciam bailes, as tertúlias, eventos familiares, cívicos e políticos, assim como a festa de São João com quadrilha ensaiada, brincadeiras de salão e casamento matuto. O próprio Major Pedro, chefe do clã, vindo da fazenda, ficava no casarão; quando a sua presença se fazia necessária nos citados eventos. Ele que a tudo determinava e presidia. 

Sobre a postura de Pedro ainda é dito: "Era o major um homem de postura fidalga. Mesmo idoso mantinha-se esguio e elegante. Vestia-se com esmero, nunca dispensando o colete e paletó. Perfeito anfitrião, em quaisquer reuniões, recebia cortesmente familiares e demais convidados, a tudo dando atenção e conduzindo a festa".

Antigo casarão do Coronel Gino, na chamada Rua Velha, atual Antônio Pessoa. Foto: Wellington Rafael da Silva.
Capitão da Guarda Nacional, trajando
farda do fim do século XIX.
Fonte: Henrique Castro
Imperioso se destacar que a família Targino no inicio do século XX, gozava de grande prestigio no município, e com a participação dos mesmos juntamente com José Amâncio Ramalho á frente da construção do Velho Mercado, conseguiram chegar onde desejavam, com a nomeação de Pedro Targino da Costa para ocupar o cargo de prefeito municipal,  indicado pelo presidente João Machado da província da Paraíba. Ocupando assim, o Major Pedro o cargo de alcaide de Araruna de 1909 á 1921 (!), além de posteriormente se tornar Deputado Estadual. 

Araruna assim, se via totalmente dominada pelo coronelismo da família Targino, pois contava com o Major Pedro na Prefeitura, Coronel Gino no Conselho Municipal e o Padre Targino á frente da paróquia. Além disto, Pedro Targino foi integrante da chamada "Guarda Nacional" que foi criada em agosto de 1831, com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade e a independência do império brasileiro. Este seleto grupo era composto somente por brasileiros de 21 a 60 aos, que gozassem de amplos direitos políticos, sendo excluído qualquer pessoa que fosse oriunda das classes populares.

De acordo com documento encontrado no Centro de Documentação Cel. João Pimentel em Guarabira-PB:
"Fica claro os interesses dos dirigentes do império, que a maioria dos senhores proprietários de terras, detentores de poder econômico, compravam seus títulos de coronéis, junto ao Estado brasileiro". Isto favoreceu que muitos proprietários de terras adquirissem patentes e formassem milícias. 

Na prática, os detentores de títulos da Guarda Nacional representavam uma situação histórica de abuso das instituições públicas para fins estritamente particulares, onde os "coronéis" valiam-se de suas tropas armadas para preservar seus interesses econômicos e político pessoais. 

O Major Pedro Targino seja por toda força política e influência dos Pereira da Costa, sua participação como membro da Guarda Nacional, ou o senso de família, foi um grande patriarca dos Targino, e dirigente local por tempo bastante relevante. Morreu em 1947, no pleno comando da política municipal, durante período de redemocratização do país após a ditadura de Getúlio Vargas,  uma multidão participou de seu cortejo fúnebre. Foi a personificação do conceito de família clânica e o último Targino Pereira da geração mais antiga. 

Wellington Rafael 

Referências:
*Os Targinos e os Belmont da Serra de Araruna. Pinto. Z.F. 2002;
*O Velho Mercado de Araruna e seus arredores. LUCENA. H.F. 1996.

15 comentários:

  1. Parabéns, Prof°. Wellington!
    Lindo texto!
    Seu empenho em resgatar a história de nossa querida Araruna é gratificante.
    Sucesso!

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  2. Incrível, o meu pai chamava-se Nicolau Pereira da Costa- era paraibano, não me lembro a cidade. Sei que ele deve ter falecido com mais ou menos uns 80 anos de idade. Será que eu não tenho algum parentesco com essa figura?

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    1. Como é que é? Você não sabe nada a respeito de seu pai? Que tipo de filho você é?

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  3. Os Targinos e os Belmont da Serra de Araruna. Pinto. Z.F. 2002. Essa referência é um livro? Onde posso consegui-lo? meus tataravós tem o sobrenome Belmont e Targino e eram da Paraíba. Se puder me ajudar, agradeço.

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  4. https://www.familysearch.org/tree/pedigree/landscape/L2J9-N9F a mãe do meu avô paterno chamava se Ursulina Tragino da Silva e seu pai Targino Soares da Silva alguem sabe me dizer algo sobre esses nomes

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  5. Olá Luciana, sim é um livro, enviarei o e-mail da autora zilmaferreira37@uol.com.br, na Biblioteca Pereira da Silva em Araruna existe um exemplar.

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  6. Boa tarde! Estava fazendo Arvore genealógica, Minha avó tem 98 anos , e conta que tem um avô que era chamado de Pedro Targino. Nome do pai da minha avó chamava-se Rosendo

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  7. https://chat.whatsapp.com/Dm3BMt1k80t0Y9otmzBnu2

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    1. Como faço pra participar do grupo de whatsapp

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  8. Boa tarde, meu amigo Wellington. Tenho orgulho da sua pessoa, me chamo Aldair targino meu bisavó se chamava Manoel Targino meu avó Romão targino, sou mas um targino com muito orgulho parabéns por trabalho..

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  9. O major Pedro Targino era o pai de meu bissavõ que também se chamava:
    Pedro Targino Teixeira Teodosio.
    Assim me contava meus avôs maternos, Álvaro da Costa Teixeira e Joana Belmont Pereira da Costa.

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  10. Bia noite.
    Meu avô também se chamava Manoel Targino, viveu na Região de Guarabira.
    Meu Pai nasceu em 1928, com Registro de nascimento da Referida Cidade.
    Saindo de casa ao 14, anos de idade, após a morte do meu avô, e depois de uma desavença com seu Padrasto,
    Indo trabalhar nas Salinas no Rio grande do Norte, e aos 28 Anos ingressa na PMPB, depois na Polícia Militar de Pernambuco, aonde se fixou e construído Família,.

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  11. O nome de meu Pai era Manoel Targino da Silva-nascido 15 julho de 1915 veio para o Pará pelo exercito em 1944,o nome de meu avô era José Targino da Sila filho,minha Vó tinha o apelido de D.preta; meu Pai veio só para o Pará ficando na paraíba 12 irmãos dele pôs era uma família de 13 ao todo-A irmã mais velha de meu Pai chamava-se Maria Targino da Sila,meu Pai o segundo filho,Antonio Targino da Siva,Celso,luis,Severino,João,não lembro o nome de todos pôs não os conheço tenho vontade de conhecer alguém da família de meu Pai que nós carregamos o nome Targino com muito orgulho:Tenho os nomes de algumas de minhas tias,Alem da tia Maria,tem outras,Ziza,Norina,e Marines que segundo meu Pai era a caçula,não lembro os nomes das outras faltou o nome de um tio-sei que eles eraram da região de Itabaina na paraíba.O avô materno do meu Pai,chamava-se Francisco Borges de Oliveira.O meu Pai falava que ele era da família da Serra da araruna.

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  12. Demais! Descobri que ele é meu Tio Tataravô

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  13. Que incrível ver essa história.
    Sou neta de Marluce Targino, filha natural a mais nova de Pedro Targino e Nevinha Targino.
    Muito obrigada por falar um pouco mais sobre a nossa família! Minha avó ficou emocionada. Bjus

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